Análise
de sobrevida global em pacientes diagnosticados com carcinoma de células
escamosas de boca no INCA no ano de 1999
Ficha de Citações por Ícaro Meneses
Honorato, J.; Resende, D. C.; Esmeraldo, L. da S.; Luiz, F. D.; Antônio, P. S. de F.; Queiroz, S. C. L.; Rev. bras. epidemiol. vol.12 no.1 São Paulo Mar. 2009
“O
carcinoma de células escamosas de boca compreende cerca de 90 a 95% de todas as
neoplasias malignas da boca e é um dos tipos de câncer mais frequentes no
Brasil. O índice de sobrevida em 5 anos é baixo e permaneceu estável nas
últimas décadas, apesar dos avanços nas terapias. O objetivo deste estudo foi
analisar o perfil e a sobrevida global dos pacientes diagnosticados com
carcinoma de células escamosas de boca no ano de 1999 no Instituto Nacional de
Câncer. Dos 320 pacientes incluídos no estudo, 79,4% eram homens. A idade média
foi de 56,7 anos, e 82,2% deles fumavam e/ou bebiam. A língua, seguida do
assoalho de boca foram os locais mais acometidos. A maioria (68,9%) dos
pacientes foi diagnosticada em estádios tardios e submetida à radioterapia
exclusiva (53,6%). A sobrevida média no período do estudo foi de 29,4 meses. Os
pacientes dos estádios iniciais apresentaram maior sobrevida, assim como
aqueles submetidos apenas à cirurgia como forma de tratamento e os que não
apresentaram linfonodos acometidos ao diagnóstico. Tumores localizados em
palato duro e mucosa jugal apresentaram pior prognóstico. Foram fatores
preditivos independentes de melhor sobrevida os tumores T1 ou T2 (p=0,001), sem
acometimento de linfonodos (p=0,012) e não localizados em mucosa jugal
(p=0,021). O diagnóstico do câncer oral ainda se faz em estádios tardios, o que
influencia negativamente a sobrevida global dos pacientes. Maior ênfase deve
ser dada à capacitação dos profissionais para o reconhecimento precoce do
câncer e à conscientização da população de risco.”
“A partir desses dados, constata-se que o câncer de boca se mostra como um problema de saúde pública e a realização do diagnóstico precoce e do pronto tratamento representam não só uma forma de prevenção secundária, mas também um meio de aumentar a sobrevida dos pacientes acometidos.”
“Para o carcinoma de células escamosas (CCE) de boca, o estadiamento clínico e a localização do tumor, assim como a gradação histopatológica de malignidade demonstram ser importantes indicadores de prognóstico2,3. A localização anatômica da lesão deve ser considerada como um bom indicador, já que os tumores apresentam comportamentos diferentes dependendo da sua localização2.”
“As
descrições estatísticas das características colhidas dos prontuários foram
apresentadas através de proporções ou médias (± erro padrão), conforme a
natureza das variáveis.”
“As taxas
de sobrevida permanecem baixas na população estudada e o perfil epidemiológico
dos pacientes condiz com o já descrito na literatura. A ausência de linfonodos
acometidos ao diagnóstico e tumores de pequeno tamanho indicam melhor
sobrevida, enquanto a localização em mucosa jugal indica pior sobrevida global.
Isso justifica o estudo de fatores diagnósticos e prognósticos para o CCE de
boca, além de campanhas e projetos que incentivem e promovam o diagnóstico
precoce dessa neoplasia entre os profissionais da saúde. Também deve haver a
conscientização da população a respeito dos fatores de risco e da importância
da realização de exames periódicos de inspeção da cavidade bucal.”
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