Mortalidade
por câncer de boca e condição sócio-econômica no Brasil
Ficha de Citações por Ícaro Meneses
Muniz, D. de L. B.; Fernandes, M. de S.; Ângela, M. F. F.; Giuseppe, A. R.; Cad. Saúde Pública vol.25 no.2 Rio de Janeiro Feb. 2009
“As
doenças crônico-degenerativas representam um grande problema de saúde pública,
necessitando de levantamento e controle mais efetivos destas enfermidades por
parte dos órgãos públicos. O objetivo deste estudo foi correlacionar os índices
de mortalidade por câncer oral nas capitais do Brasil no período de 1998 a 2002
com indicadores sócio-econômicos do Censo Demográfico de 2000, por meio
de um estudo do tipo ecológico. Os dados foram extraídos do Sistema de
Informação de Mortalidade (Ministério da Saúde/DATASUS), para os anos de
1998-2002. Os indicadores sócio-econômicos foram obtidos a partir do Atlas do
Desenvolvimento Humano no Brasil. Após coleta dos dados, a análise estatística
foi realizada usando-se o índice de correlação de Pearson. Observaram-se
correlações positivas e significativas entre os indicadores sócio-econômicos
(Índice de Desenvolvimento Humano-Municipal - IDH-M, IDH-M renda, IDH-M
educação, IDH-M longevidade e renda per capita), e correlação negativa e
significante para os indicadores sócio-econômicos índice de Gini e mortalidade
infantil. Apesar das limitações do estudo e da provável problemática de
sub-registros nas capitais menos desenvolvidas, o presente trabalho encontrou
correlações estatisticamente significantes entre os indicadores sócio-econômicos
selecionados e o índice de mortalidade por câncer oral.”
“Os óbitos registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/Departamento de Informática do SUS - DATASUS), Ministério da Saúde, referentes a 1991-2002 demonstram que a mortalidade proporcional por câncer oral, dentre o total das neoplasias, se mantiveram entre 1,80% e 2,55%. Tais porcentuais oscilaram em todas as capitais brasileiras, sendo a maior predominância no sexo masculino, que é responsável por 73% dos óbitos ocorridos. Os coeficientes de mortalidade para o sexo masculino se mantiveram entre 3,73 e 4,12 (por 100 mil habitantes) enquanto que para o feminino eles se conservaram entre 0,75 e 1,07 2.”
“Com relação à incidência de câncer no Brasil, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para 2008 nas capitais brasileiras é de que o câncer oral acometerá 3 mil homens, consistindo na quarta localização anatômica. Para as mulheres, no entanto, serão atingidas 1.140 residentes nas capitais, correspondendo à quinta localização anatômica mais freqüente 3.”
“A etiologia dessa neoplasia é multifatorial e, apesar de todo o avanço tecnológico obtido até o momento, os agentes etiológicos para o câncer ainda são uma incógnita. Dentre os fatores de risco do carcinoma oral, pode-se citar os extrínsecos - as substâncias químicas (tabaco, álcool), agentes físicos (traumas mecânicos) e biológicos - e os intrínsecos, que correspondem aos estados sistêmico ou geral do indivíduo 4. Como fatores de proteção, alguns estudos observaram que o consumo de frutas e de vegetais consiste em medidas efetivas contra o câncer oral 5,6,7.”
“A inter-relação da dependência do álcool e do tabaco em indivíduos de baixa renda vem sendo comprovada, mostrando que diferentes medidas de concentração de renda estão diretamente relacionadas aos indicadores de saúde. Grupos populacionais de baixa renda tendem a ter precárias condições de saúde bucal, como também carências nutricionais, que são achados comuns entre os casos de cânceres oral e de faringe 8,9.”
“Nesse sentido, pretende-se descrever e analisar os índices de mortalidade por câncer oral nas capitais do Brasil e correlacionar com indicadores sócio-econômicos.”
“Um maior desenvolvimento sócio-econômico e o conseqüente aumento da esperança de vida parecem justificar a correlação entre a mortalidade por câncer e altos indicadores sociais. No entanto, devem-se considerar as limitações próprias de um estudo do tipo ecológico, além dos sub-registros verificados nas capitais menos desenvolvidas.”
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