Epidemiologia
do câncer de boca em laboratório público do Estado de Mato Grosso, Brasil
Ficha de Citações por Ícaro Meneses
Tonaco, F. B.; Adas, C. S. G.; Aburad, A. de C.; Henrique, P. de S. C.; Regina, L. da C. H.; Cad. Saúde Pública vol.24 no.9 Rio de Janeiro Sept. 2008
“O
objetivo deste trabalho foi analisar a epidemiologia do câncer de boca, dos
casos diagnosticados pelo laboratório público do Estado de Mato Grosso, Brasil,
após a instituição da política de atenção às doenças da boca e da face do estado.
Trata-se de um estudo epidemiológico transversal. O objeto estudado foi o laudo
histopatológico, pesquisando-se um total de 1.324 laudos emitidos entre janeiro
de 2005 e dezembro 2006. Verificaram-se os casos de câncer de boca, o seu
percentual em relação ao universo das lesões bucais e as seguintes variáveis:
tipo histológico, sexo, idade e procedência dos pacientes (capital ou do
interior). Após a análise dos dados verificaram-se 44 lesões de câncer de boca,
representando 3% dos diagnósticos. O tipo histológico mais incidente foi o
carcinoma epidermóide. A maioria dos diagnósticos foi referente aos homens na
5ª e 6ª décadas de vida residentes no interior do estado. Conclui-se com este
estudo que em dois anos de funcionamento o serviço público de patologia bucal
registrou um considerável número de casos de câncer de boca.”
“Estudos
relacionam a associação entre o câncer de boca e a pobreza, onde os indicadores
de mortalidade e morbidade são ruins nas áreas de baixo nível sócio-econômico 2.
Sturgis 1, Oliveira et al. 3 e Carvalho et al. 4
destacam que as características culturais do povo, o nível sócio-econômico da
sociedade e o grau de acesso ao tratamento e tecnologia nos serviços públicos
de saúde determinam a variação da incidência do câncer de boca no mundo. Em
países desenvolvidos, o câncer de boca apresenta taxas de incidência e
mortalidade menores quando comparados aos países em desenvolvimento 4.”
“O Estado
de Mato Grosso conta com 141 municípios distribuídos em 903.357.908km2
de extensão territorial, com uma população estimada de 2.803.274 em 2005
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=mt,
acessado em 10/Fev/2008). Segundo dados do IBGE, o estado possui um total de
1.255 estabelecimentos públicos de saúde (IBGE)http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=mt&tema=servicossaude&titulo=Servi%E7os%20de%20sa%FAde%2020005,
acessado em 10/Fev/2008), que até o ano de 2004 não possuíam um serviço de
patologia bucal no laboratório público (MT Laboratório), e nem mesmos um
sistema de referência e contra referência para os casos suspeitos de câncer de
boca.”
“falta de
um sistema de atenção ao câncer de boca no estado corroborou em tese, para o
que se apresentassem no Hospital do Câncer de Mato Grosso (HCMT), pacientes com
câncer de boca sem diagnóstico prévio e clinicamente em estádios avançados
(estadiamento III e IV) 6. Este fato torna-se preocupante quando se
analisam estudos como o de Leite & Koifman 7, que ao estudarem a
sobrevida dos pacientes com câncer de boca no INCA, no Rio de Janeiro,
verificaram a correlação entre o estádio clínico e mortalidade, onde 18,1% dos
pacientes no estádio I morreram, sendo que esta taxa sobe para 65,4% nos
pacientes em estádio IV. Diante desses fatos, a detecção precoce do câncer de boca
pela rede básica de saúde deve ser seriamente considerada 8. A
universalização do acesso aos meios de diagnóstico possibilitará a intervenção
precoce ao câncer de boca.”
“Neste
estudo os dados epidemiológicos mostraram a assimilação, por parte das unidades
de saúde, do serviço de patologia bucal do MT Laboratório, que aumentou sua
rotina em 269%. O registro do câncer de boca no MT Laboratório aumentou em 266%
entre 2005 e 2006. Os homens em idade produtiva foram os mais acometidos pelo
câncer de boca. A maioria dos pacientes procedia do interior do estado.
Conclui-se com este estudo que em dois anos de funcionamento o serviço público
de patologia registrou um considerável número de casos de câncer de boca.”
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